quarta-feira, 28 de março de 2012

Tootsie [1982]


(de Sydney Pollack. Idem, EUA, 1982) Com Dustin Hoffman, Jessica Lange, Teri Garr, Dabney Coleman, Charles Durning, Bill Murray, Sydney Pollack, Geena Davis. Cotação: *****

“Tootsie” é daqueles filmes que tem milhares de fãs. Não chega a ser precursor do tipo de comédia que ele apresenta (homem se vestindo de mulher até pode ser uma descrição reducionista do filme, mas numa apresentação rápida, é isso o que acontece), mas é um herdeiro quase não atribuído de Billy Wilder. O filme, que acabou culminando em uma briga séria entre Dustin Hoffman, o grande idealizador da obra, e Sidney Pollack, o realizador do filme e, se não fosse o trabalho esplêndido de Dustin, seria um dos principais responsáveis por fazer de “Tootsie” uma comédia tão boa.

Michael Dorsey (Dustin Hoffman) é um enérgico professor de teatro que se encontra em dificuldades para conseguir bons papéis. Ou melhor, para conseguir qualquer trabalho para mostrar sua arte. Desejando finalmente montar uma peça na qual ele estrela com Sandy (Teri Garr), uma de suas alunas, ele se inclina até em trabalhar na cozinha de um restaurante. Sem sucesso na dramaturgia e sem conseguir fazer seu agente (interpretado pelo próprio Pollack) conseguir novos trabalhos, ele resolve encarnar a figura de Dorothy Michaels, e estrelar uma novela num papel que vai ganhando cada vez mais destaque, e chamando a atenção de Julie (Jessica Lange), sua colega de elenco, que nem sabe que Dorothy é um homem, e que está se apaixonando por ela.

Quando digo que Dustin Hoffman foi o grande idealizador do projeto, não é por simplesmente estrelar o filme que lhe garantiu maior credibilidade no ramo da comédia. Ele ainda estrelava “Kramer Vs. Kramer” (1979) quando teve a idéia de intercalar o masculino e o feminino num único filme. Ele imaginou o projeto e seguiu em frente, talvez já esperando um trabalho incrivelmente bem recepcionado, que vem do reconhecimento da suas brincadeiras de interpretações. Da mesma forma, estão muito bem a estridente Teri Garr e Jessica Lange (que não mudou muita coisa quase trinta anos depois). É um trio perfeito, inseridos num elenco que ainda conta com Bill Murray fazendo suas convencionais gags, e Geena Davis em início de carreira.

“Tootsie” rendeu o primeiro Oscar para Jessica Lange (ela viria a ganhar como melhor atriz cerca de dez anos depois pelo filme “Céu Azul”, para depois cair no limbo que a está hospedando até hoje), além de ser indicado nas categorias de ator (muito bem merecido), outra de atriz coadjuvante (para Teri Garr), edição, fotografia, roteiro original, som e música (o grande sucesso "It Might Be You", de Stephen Bishop).

Ao ser visto hoje em dia, “Tootsie” poderia muito bem parecer um filme datado, e cheio de situações que forcem a barra, afinal, brincar com gêneros é tão batido quanto brincar com linguagem ou determinadas minorias. E a prova de que um roteiro muito bem amarrado e – o principal - moderação numa infinidade de situações repletas de possibilidades de piadas, somados, resultam em um filme que fica quase impossível não agradar. Por sorte (ou não), “Tootsie” acabou firmando um gênero a parte da comédia, mas que infelizmente não foi seguida a cartilha recomendada pelo Prof. Pollack.

Um comentário:

  1. Eu gosto bastante desse filme, acho-o bastante interessante e, embora não seja uma comédia ferrenha, trata-se de uma película que diverte bastante. Para mim, não resta dúvidas de que a grande estrela dessa produção seja Jessica Lange, que, bem apontado por você, parece imutável. Ainda hoje está como era, simpática demais.

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