terça-feira, 8 de maio de 2012

Ganhar ou Ganhar - A Vida é Um Jogo [2011]


(de Thomas McCarthy. Win Win, EUA, 2011) Com Paul Giamatti, Amy Ryan, Bobby Cannavale, Jeffrey Tambor, Burt Young, Melanie Lynskey, Alex Shaffer, Margo Martindale. Cotação: ***

Tenho muita simpatia pelo ator Paul Giamatti. Não chega a ser uma grande estrela, e seu tipo pacato, praticamente loser, não o torna mais camaleônico, tendo que se situar em personagens até mais humanos. Pra quem ainda não viu, “Sideways – Entre Umas e Outras” (2004) é a prova de que ele cai muito bem em papéis de homens que passam por crises existenciais, tendo que se habituar em uma vida rotineira, sempre com aquela cara de insatisfação e stress. “Ganhar ou Ganhar - A Vida é Um Jogo” repete a mesma fórmula, mas num tom mais moderninho. O filme, apesar da pompa cool, no fundo chega a até ser convencional. E percebemos isso quando vemos o seu desenvolvimento calculado, mas que termina corrido e satisfatório para o senso comum.

Em Nova Jersey, Mike Flaherty (Paul Giamatti), um advogado em crise financeira, continua na tentativa de levar um time de wrestling - composto por jovens tapados e do qual é treinador – para frente. Além disso, ele vê uma oportunidade de ganhar um dinheiro extra ao se tornar tutor de um velhinho que era seu cliente, evitando assim que o Estado o mande para uma clínica de idosos. O fato é que ele acaba mandado o senhor para a clínica de qualquer forma e embolsando dinheiro. Com a chegada do neto do ancião, o jovem Kyle (Alex Shaffer), as coisas parecem ficar ainda mais encaixadas, já que o adolescente parece ser um integrante de peso para o time de wrestling dele. O que pode atrapalhar o andamento das coisas é a chegada da mãe de Kyle, que acaba de sair da clínica de reabilitação, e vai tentar retomar os laços familiares com o filho e o pai. 

Eu sempre me incomodo com uma coisa até comum em filmes e séries americanas, e parece que o filme abraçou isso com a maior naturalidade. Por que homens tão complicados quanto é o personagem de Giamatti são casados com mulheres tão perfeitinhas? Aqui, a mulher do protagonista (interpretada por Amy Ryan) é linda, compreensível, leal e sensata. Em muitos pontos, chega a ser o centro de equilíbrio de muitas situações no filme. Mesmo que seja bonito de se ver (e até concordo que isso possa existir em algum lugar), chega a ser um pouco fora da realidade, e para um filme que tenta ficar mais próximo de um drama tradicional, isso parece ser um empecilho. Claro que isso não compromete o filme como um todo, mas é um elemento que sempre me intriga.

Uma coisa boa do filme, além da história ser razoavelmente bem encaminhada, são as boas presenças de alguns coadjuvantes. A mãe de Kyle, por exemplo, é interpretada pela neozelandesa Melanie Lynskey, uma ótima atriz que foi parceira da então iniciante Kate Winslet no filme "Almas Gêmeas" (1994), um dos primeiros trabalhos de Peter Jackson, em um dos filmes que me marcou bastante. Outra aparição de destaque é a de Margo Martindale, atriz que não tem muitas chances no cinema, mas que conseguiu participações memoráveis em séries de TV como “Dexter” e “Justified”, esta última chegou a lhe render um Emmy no ano passado. Como se vê, o filme não tem só Paul Giamatti pra garantir a boa escalação de elenco.

Como já semeei ao longo do texto, “Ganhar ou Ganhar - A Vida é Um Jogo” é um filme que aposta no novo cinema que caminha a poucos passos do indie, mas que possui elementos suficientes para encaixá-lo numa dramédia convencional, dessas que existe aos montes, e que sempre escolhemos na vídeo-locadora por não ter opções melhores. Falando em home vídeo, o filme não chegou a ser exibido nos cinemas por aqui, o que significa que poucos souberam de sua existência, o que pode ser uma pena, pois o que funciona são justamente suas obviedades. “Win Win” (no original) é escrito e dirigido por Thomas McCarthy, também conhecido como ator, mas que escreveu roteiros de filmes como "Up - Altas Aventuras" (2009) e "O Agente da Estação" (2003). 

Um comentário:

  1. Alguns amigos me recomendaram esse filme, mas sempre esqueço ou deixo para depois. Gosto do Giamatti e desse diretor. Vou ver se vejo esses dias. Grande Abraço.

    ResponderExcluir