sexta-feira, 30 de março de 2012

O Bebê de Rosemary [1968]


(de Roman Polanski. Rosemary's Baby, EUA, 1968) Com Mia Farrow, John Cassavetes, Ruth Gordon, Sidney Blackmer, Maurice Evans, Ralph Bellamy, Victoria Vetri. Cotação: *****

É um dos filmes mais cultuados no gênero do suspense, fazendo escola graças à sua maneira simples e, ao mesmo tempo, sem se entregar ao horror escancarado e informal. Tudo em “O Bebê de Rosemary” é subentendido, charmoso e inquietante. Da sinistra canção de ninar que inicia a fita até o final que foge do padrão (e que confirma a excelência do filme), a obra tece uma história que foi lindamente moldada por Roman Polanski, que carimbou seu passaporte para os Estados Unidos, terra onde só traria tragédias em sua vida pessoal, como a morte de sua esposa, a saudosa atriz Sharon Tate, assassinada por Charles Manson em 69, o ano seguinte a este filme.

A história gira em torno de Rosemary Woodhouse (Mia Farrow) e Guy (John Cassavetes), um casal recém chegado num novo apartamento, onde finalmente realizariam seus planos de fixar-se e ter filhos. Até que a morte de uma vizinha faz com que se aproximem de um casal de velhinhos que moram ao lado deles, o intelectual Roman Castevet (Sidney Blackmer) e a intrometida Minnie (Ruth Gordon). Com a carreira de ator de Guy começando misteriosamente a fazer sucesso e a boa notícia de que finalmente ficou grávida, Rosemary demora a se dar conta de que, talvez, tenha sido vítima de uma seita da qual os velhinhos presidem para adorar o anticristo, e na qual o seu marido tenha oferecido a própria esposa como mãe do filho do demônio em troca de fama.

Antes de qualquer coisa, “O Bebê de Rosemary” é um grande estudo de personagens. A começar pela protagonista, uma leitura paralela estaria no fato de que tudo o que ela presencia estivesse relacionado à sua educação católica, que por vezes é mostrada em pequenos flashbacks. Óbvio que essa possível teoria será refutada antes mesmo do terceiro ato, mas o cuidado com que Polanski toma como prioridade nesse seu primeiro trabalho internacional é a prova da qualidade de direção do filme. Reparem, por exemplo, nas situações de desconforto do personagem de John Cassavetes diante da aproximação de Rosemary nas descobertas que ela tarda a descobrir.

Mia Farrow, antes de virar esposa e musa de Woody Allen, fez este que é o melhor trabalho de toda a sua carreira. Sua transformação física é uma das coisas mais impressionantes neste filme, que custou a ela até o casamento com Frank Sinatra, com quem foi casada por dois anos e que acabou (ao que parece) por conta do compromisso de Mia com o trabalho. Seu cabelo curto acabou virando marca registrada e as reações de sua Rosemary viraram ícones do terror. Outra atriz que está fenomenal é Ruth Gordon, que conquistou o seu Oscar de melhor atriz coadjuvante interpretando a vizinha fofoqueira que, de forma estranha, vai se tornando íntima de Rosemary.

Baseado na novela de Ira Levin (1929–2007), “O Bebê de Rosemary” com certeza está na lista de muita gente como “um dos melhores filmes de horror já feito”, e tem muito que confirmar neste título. Foi um dos primeiros a levantar uma questão filosófica que muitos filmes do gênero – atualmente – deve à obra: afinal, por que somente quando estamos no desespero da dor, é que somos mais prudentes?

Deixe que Rosemary responda isso por você.

4 comentários:

  1. Ótimo texto. Sou um entusiastas de filmes de terror, principalmente por ter crescido na década de 80, onde assistia filmes de terror sempre no Super Cine. Corri atrás de grandes clássicos que haviam inspirado esses filmes que tento adorava e "O Bebê de rosemary" é um dos meus favoritos forever! Parabéns pela lembrança e ótimo trabalho
    abraço
    wilson

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  2. Meu filme de terror favorito desde sempre. Simplesmente MARAVILHOSO!

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  3. Isso: nota máxima merecida. O melhor filme de Polanski.

    O Falcão Maltês

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  4. Não vejo como discordar do seu texto, bastante pontual e conciso. Mia Farrow é mesmo o que há de melhor nesse filme, mas também o é todos os outros atores, destaque especial para Ruth Gordon, linda!, como a vizinha adoradora de Satã. Para mim, um dos melhores - senão o melhor! - de Roman Polanski.

    Vi que somos companheiros agora na SBBC, então vim conhecer mais do seu blog. Parabéns.

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